- OPINIÃO, O Estado de S.Paulo - 11/09/2011
Os assaltos a caixas eletrônicos (ATMs, na sigla em inglês) dos bancos
tornam-se um dos mais sérios problemas de segurança pública no País. As
quadrilhas, combatidas nas grandes metrópoles, preferem agora atuar no
interior de vários Estados. Tornaram-se frequentes os ataques a ATMs
localizadas em postos de gasolina, pontos de parada à margem de rodovias
e até mesmo em áreas centrais de cidades menores.
No Estado de São Paulo, é nítida a mudança de tática dos assaltantes.
Levantamento feito pelo Estado, com base em dados do Serviço de
Inteligência da Polícia Militar, mostra que o número de roubos e furtos
de caixas eletrônicos, incluindo tentativas frustradas, foi de 494, de
1.º de janeiro a 17 de agosto, em todo o Estado, a maioria no interior.
Em agosto (até o dia 17), foram 27 assaltos em municípios do interior, 6
na região metropolitana e apenas 2 na capital.
Isso ocorre porque as áreas de comércio mais movimentadas da capital vêm
sendo melhor policiadas, com a PM monitorando os locais mais visados e
os horários de atuação das quadrilhas. Por exemplo, quinta-feira é o dia
da semana em que ocorrem mais assaltos e o período da manhã é o mais
perigoso. A Secretaria da Segurança Pública tem agido com eficiência,
desbaratando quadrilhas e prendendo policiais suspeitos de envolvimento
com assaltantes. Ao todo, 13 policiais estão detidos. Está faltando,
contudo, um melhor controle e vigilância de pedreiras e obras que
utilizam explosivos, roubados em grandes quantidades pelos arrombadores
de caixas eletrônicos. Aí pode estar a raiz do problema.
Os bandidos que antes utilizavam pé de cabra, maçaricos ou outras
ferramentas para esse tipo de furto, agora têm pressa e tudo é mais
fácil com o uso de explosivos. Segundo o delegado-geral da Polícia de
São Paulo, Marcos Carneiro de Lima, esse foi um dos fatores que
alimentaram o crescimento dos assaltos a ATMs. Segundo ele, esse tipo de
ação era comum no Nordeste há algum tempo, mas chegou rapidamente a São
Paulo, tendo atingido o pico em maio deste ano.
A lei exige que as empresas que utilizam materiais explosivos se
registrem na Diretoria de Produtos Controlados do Exército. As empresas
também devem solicitar autorização àquela diretoria para fazer pedidos a
produtores nacionais ou para importação. Mas cabe às empresas
credenciadas a guarda dos materiais, devendo qualquer desvio ser
comunicado aos órgãos de segurança pública.
As ocorrências de roubos e furtos de materiais explosivos registradas
pelas polícias estaduais revelam um aumento absurdo. Relatório do
Exército, divulgado pelo jornal O Globo, dá conta de que, no ano
passado, 1,06 tonelada de emulsão de nitrato de amônia e de dinamite foi
subtraída de pedreiras e de obras em execução nas estradas, volume 170%
superior a 2009. Foram desviados também 11,7 quilômetros de cordel
detonante, além de 568 espoletas. No Rio Grande do Sul foram furtados
373 kg de emulsões explosivas, sendo 273 kg de uma só vez em novembro de
2010, colocando em alerta toda a polícia gaúcha. Alagoas veio em
segundo lugar, com furto de 300 kg. O informe do Exército não inclui
cargas de explosivos roubados em rodovias e depois resgatadas.
Nem sempre os ladrões tem o conhecimento necessário para manejar
explosivos e a imperícia ocasionou o fracasso de muitos ataques. Algum
tipo de treinamento militar ajuda os meliantes, e não admira que nesses
assaltos estejam envolvidos alguns ex-militares. Não são raros os casos
em que os assaltantes usam a internet para ter acesso à técnica.
Assim, parece lógico que, além das ações policiais que têm sido
realizadas e das precauções que os bancos têm adotado - como o
dispositivo que tinge as cédulas em caso de explosão da ATM - os órgãos
de segurança dos Estados deveriam exigir das empreiteiras e empresas que
exploram pedreiras ou outras atividades que empregam explosivos que
reforcem a segurança de seus depósitos desses materiais. As áreas
externas desses armazéns deveriam igualmente ser mais bem policiadas.
Fonte: http://toxina1.blogspot.com/
Postado por : RONDA MGR
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