O
caos e o terror vivido pelos natalenses com a queima de nove ônibus na
última sexta-feira pode ter sido motivado pela transferência de 16
detentos da Penitenciária Estadual de Alcaçuz para o Presídio Federal de
Mossoró, ocorrida no mesmo dia dos atentados. Na opinião da delegada
Sheila Freitas, da Divisão Especializada de Investigação e Combate ao
Crime Organizado (Deicor) e que investiga a série de incêndios a
transporte coletivos, os apenados lideraram os ataques como uma forma de
represália à mudança. Ainda durante o final de semana, uma nova
tentativa de incêndio a um coletivo na Cidade da Esperança e um assalto a
um terminal de uma empresa de ônibus voltaram a chamar a atenção da
Polícia. Sheila Freitas conta que os detentos transferidos
na última sexta foram apontados como os líderes e articuladores do
motim ocorrido no presídio de Alcaçuz dois dias antes. José Olímpio,
coordenador da Administração Penitenciária, confirma que o traslado
desses presidiários já estava programado desde o ano passado. "Tentamos
anteriormente levar para o Presídio Federal 31 apenados, mas o juiz
corregedor decidiu reenviá-los devido à questões estruturais da unidade.
Desde então tentávamos a transferência deles". O motim apenas acelerou o
processo de envio desses presos à unidade prisional federal. A titular
da Deicor diz que sua equipe começou a colher as informações com as
pessoas que estava nos ônibus (como motoristas, cobradores e
passageiros) durante os ataques, como também visitou os locais onde eles
aconteceram. "A partir das informações que obtivermos nessa apuração
inicial é que vamos saber quem mais precisa ser ouvido e traçar
suspeitos". A delegada afirma ainda que pretende viajar para Mossoró e
visitar o Presídio Federal para interrogar os detentos transferidos. "É
mais seguro fazer isso por lá mesmo. Queremos saber quem realmente
esteve envolvido nos atentados".
PCC
Apesar
de um dos veículos queimados ter sido pichado com as letras iniciais da
facção criminosa paulista Primeiro Comando da Capital (PCC), Sheila
Freitas não acredita que haja relação entre os detentos potiguares com
tal organização. "Se algum desses presos tem algo a ver com o PCC, seria
somente o Xandinho (Alexandre Thiago), que passou um período preso em Campo Grande
(MS) e pode ter tido contato com membros da facção". Esse detento foi
apontado por José Olímpio, coordenador da Administração Penitenciária,
em matéria publicada pelo Diário de Natal na edição do dia 21 do mês
passado, como o provável novo líder da célula da organização criminosa
paulista em Alcaçuz. Agora,
porém, o coordenador prefere não comentar o envolvimento dos presos com
o PCC. "É preciso que averiguemos todas as informações primeiro",
justifica Olímpio.
Postado por : RONDA MGR
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