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sexta-feira, 13 de maio de 2011

JOGOS VIOLENTOS INFLUENCIAM AÇÕES VIOLENTAS?

Cena do Game Call of Duty - Modern Warfare 2 - Retirada do Google Image

FICHA INFORMATIVA - Reproduzido de: O Glogo - Autor: Thales Vianna Coutinho, psicólogo - Publicação: 10/05/2011 - Imagem: Cena do Game Call of Duty - Modern Warfare 2, retirada do Google Image.
Matéria encontrada em:
Blog da Insegurança
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O tema deste texto, definitivamente, não é uma brincadeira. Apesar de não ser um jogador profissional, nutro grande respeito pela bilionária indústria de jogos eletrônicos, e foi com profundo desgosto que vejo serem feitas associações totalmente esdrúxulas (e até imorais) entre jogar jogos violentos e agir de forma violenta. Por isso, aqui quero defender a verdade científica por trás desta associação, que provavelmente será desconcertante para uma grande porcentagem dos leitores: videogames violentos não estimulam o comportamento violento.

Sei que você já ouviu milhares de pediatras, psiquiatras, psicólogos, assistentes sociais, psicopedagogos, pedagogos, professores e políticos falarem na televisão algo totalmente contrário ao que defendo aqui, e decerto - se for pai ou mãe - pautou a forma de criar seu filho no princípio de evitar que ele entre em contato com jogos ou filmes violentos, pois temia que estas mídias o "estragassem", tornando-o violento tanto quanto o personagem dos jogos.

Tudo isso estava errado. Convido-o agora a abandonar esta visão do senso comum e conhecer os estudos e as revisões publicadas pelo psicólogo Christopher Ferguson, PhD, professor da Texas A&M International University.

Através da revisão de uma série de artigos que relacionavam o ato de jogar videogames violentos com a manifestação de comportamentos violentos, foram encontrados muitos erros metodológicos e de análise dos dados. Entre os erros está a ignorância completa da chamada "terceira variável" - ou seja, nenhum destes estudos se preocupou em considerar, investigar e isolar aspectos como traço de personalidade, carga genética, padrões familiares, psicopatologia.

"Tudo bem, aqueles estudos não isolaram as demais variáveis, mas teve algum que já fez isso?" Sim. Um dos que quero comentar é o estudo realizado por Markey & Markey (2010) do Departamento de Psicologia da Rutgers University (EUA). Neste artigo, os pesquisadores investigaram a relação entre traços de personalidade e a vulnerabilidade das pessoas a jogos violentos. Concluíram que apenas os indivíduos com traços de personalidade agressiva e psicótica eram suscetíveis aos jogos violentos. Existe também uma investigação realizada pelo FBI (polícia federal americana) onde concluiu-se que apenas há um sinal de alerta quando o sujeito joga jogos violentos e seu interesse está totalmente voltado para a violência, e não para o jogo em si. É mais ou menos como a diferença entre "curtir a violência do jogo" e "curtir o jogo da violência". Isso remete ao primeiro estudo, em que um fator de personalidade é necessário para que a pessoa deturpe o sentido do jogo, amando não o conjunto da obra, mas apenas a violência nele contida.

Por fim, Ferguson e colaboradores (2010) analisaram a influência do videogame violento sobre o desenvolvimento de condutas delinquentes e comportamentos de prática de bullying em 1.254 estudantes da 7ª e 8ª série do ensino fundamental, e concluíram que a delinquência e o bullying não têm nenhuma relação com videogames violentos, mas sim com traço de personalidade agressivo e nível de stress.

A importância deste texto é desmistificar os jogos violentos, através de evidências científicas, demonstrando que você, como pai ou mãe, pode até censurar os jogos do seu filho, mas não faça isso pensando que assim estará evitando que ele se torne uma pessoa agressiva. Não perca mais tempo com a ideia de que jogos de ficção estimulam agressividade verdadeira. Observe atentamente a realidade, veja em quais circunstâncias e de que forma seu filho manifesta condutas agressivas nas relações sociais e se desconfiar de que há algo errado, procure ajuda de um especialista.

A conclusão de tudo isso é que as pessoas são influenciáveis pelos jogos, não são os jogos que influenciam as pessoas. Quando assumimos que o problema (e a resolução do problema) está dentro de nós, e não em algo lá fora, damos o primeiro passo em direção à evolução pessoal.
 
Postado por : RONDA MGR.

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